O micrócus é um micróbio. E como tal não o poderemos ver, a não ser, é claro, por um microscópio. Ele porém, dificilmente é visto, mesmo através de tal aparelho, pois sua timidez não tem limite. Detesta aparecer. Quando o empurramos a força, ele fica vermelho e nunca nos olha no rosto. Sua função é trazer até nós uma doença fatal: a microcunésia!!! Pois se ele nos espeta com aquela setinha que carrega na mão, o resultado é terrível, se bem que ninguém saiba exatamente o que é, pois nunca ninguém foi espetado. Extremamente delicado e atencioso com todos, ele tem seus aposentados nas proximidades do Cerebellum, num quartinho por demais confortável, graciosamente florido, com as flo
res dispostas com notável bom gosto pelo quarto, em belos vasos sanguíneos. Nesse mesmo quarto, ele arrisca de vez em quando pintar um quadro e, sem nenhuma pretensão, pinta lindos motivos florais e cativante frescura.
Podemos até visita-lo depois do seu expediente, quando seremos acolhidos com um lanche apetitoso. Se ele não conversa muito, por causa da sua timidez, escuta maravilhosamente – e, principalmente, acredita em tudo o que a gente fala e adora as nossas piadas.
Certa vez, um micrócus se apaixonou por um anticorpo que era freira. Desse amor impossível resultou a desgraça dos dois. Ela, por sua heresia, foi queimada viva numa úlcera, transformando-se em santa e indo para o céu da boca. Ele foi condenado a passar o resto da vida numa prisão de ventre.
Mas o micrócus mais célebre foi um que conseguiu escalar um homem de dois metros, dos pés a cabeça, em três horas apenas; lá chegando, hasteou, altiva, a bandeira da sua espécie, imortalizando-a para todo o sempre.
(TACUS A criação das Criaturas, Ed. Vanguarda, SP., 1977, p.33 ( c ) Dionísio Jacob, com autorização da Edições SM)
LINGUAGENS: Cotidiana (vermelho), literária (azul) e cientifica (verde)
sábado, 20 de outubro de 2007
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Um comentário:
pensaram bastante? Beijos?
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